Para um diagnóstico precoce da artrite reumatoide (AR), o American College of Rheumatology (ACR) e a The European League Against Rheumatism (EULAR) estabeleceram, em 2010, novos critérios classificatórios para serem aplicados a qualquer paciente, desde que dois requisitos básicos estejam presentes. São eles: deve existir evidência de sinovite clínica ativa no momento do exame em pelo menos uma articulação; e os critérios são aplicáveis apenas aos pacientes em que a sinovite não possa ser melhor explicado por outros diagnósticos.
Os critérios da tabela 2010 ACR/EULAR, baseados em sistema de pontuação por meio de escore de soma direta, são divididos em domínios: acometimento articular, sorologia, duração dos sintomas e provas de atividade inflamatória. A pontuação igual ou maior que “6” classifica um paciente como portador da AR. Os novos critérios não são diagnósticos, mas classificatórios. A função básica é definir populações homogêneas para finalidade do estudo. Sobre esses novos critérios, vários aspectos devem ser analisados com cuidado antes que sejam universalmente aceitos. Mas é fundamental que esses critérios sejam validados em diferentes populações, incluindo aí a população brasileira de AR inicial.
Os critérios podem servir como um guia para o estabelecimento do diagnóstico clínico, que é extremamente complexo. Pois há vários fatores que dificilmente poderiam ser resumidos na forma de um escore de soma direta. Dentro desse raciocínio, o diagnóstico precoce da AR necessita da contribuição de médicos de outras especialidades, que encaminharão o paciente precocemente até um especialista para um tratamento adequado. O clínico geral e o ortopedista são exemplos de profissionais que devem reconhecer sinais sugestivos da AR.
Sinais de uma possível doença articular inflamatória, como a dor, o inchaço das articulações e a rigidez após período de repouso. Afinal, quanto mais cedo for o encaminhamento do paciente para um especialista – o reumatologista –, mais precoce será o diagnóstico e o tratamento para a AR, impedindo a evolução de uma doença grave que pode incapacitar e limitar a mobilidade do paciente.
Doença autoimune inflamatória crônica, a AR é tratada por um reumatologista. Medicamentos que regulam a autoimunidade exagerada são utilizados para o controle da doença, agindo na diminuição da inflamação e suas consequências nas juntas e outros órgãos. Da classe dos imunossupressores, são chamados de medicamentos antirreumáticos modificadores no campo da reumatologia. E podem ser sintéticos ou fabricados por engenharia biológica (conhecidos como agentes biológicos). A ação dos medicamentos é lenta, no entanto, eficaz.
Com um medicamento ou uma combinação de medicamentos, o tratamento da AR será contínuo, por ser a doença crônica. O objetivo é controlar a doença e suas consequências como as deformidades articulares. Os medicamentos que são específicos à doença podem ser usados a longo prazo com segurança e os possíveis efeitos colaterais devem ser prevenidos ou controlados pelo médico. Na avaliação, alguns parâmetros para monitoramento da atividade da doença devem ser identificados. Alguns parâmetros validados: escalas visuais da dor pelo paciente, da atividade de doença pelo paciente e pelo médico, número de articulações dolorosas e edemaciadas, aparelhos de avaliação da capacidade funcional, provas inflamatórias, fadiga, duração da rigidez matinal, radiografia de mãos, punhos e pés, e índices de qualidade de vida, e demais fatores.
Tabela 2010 ACR/EULAR
- População-alvo: paciente com pelo menos uma articulação com sinovite clínica definida (edema); e sinovite que não seja melhor explicada por outra doença.
Acometimento articular (0-5)
1 grande articulação – 0
2-10 grandes articulações – 1
1-3 pequenas articulações (grandes não contadas) – 2
4-10 pequenas articulações (grandes não contadas) – 3
> 10 articulações (pelo menos uma pequena) – 5
Sorologia (0-3)
FR negativo E ACPA negativo – 0
FR positivo OU ACPA positivo em baixos títulos – 2
FR positivo OU ACPA positivo em altos títulos – 3
Duração dos sintomas (0-1)
< 6 semanas – 0
≥ 6 semanas – 1
Provas de atividade inflamatória (0-1)
PCR normal E VHS normal – 0
PCR anormal OU VHS anormal – 1
Fonte: ACR/EULAR